Já algum tempo ouvimos dizer que a contabilidade é a bola da vez das profissões, o que ganhou forças com as Leis 11.638/07 e 11.941/09. Na busca da convergência da contabilidade brasileira com as praticadas internacionalmente o CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis) emitiu seus pronunciamentos (hoje em numero de 43) de acordo com as interpretações de normas emitidas pelo IASB (International Accouting Standards Board), os quais foram regulados pelo CFC (Conselho Federal de Contabilidade). Esses pronunciamentos e normas alcançam as grandes empresas S/A reguladas pela CVM (Comissão de Valore Mobiliários), aquelas que necessitam prestar contas à um órgão público e as Ltda a que auferirem Receitas superiores a R$ 300 milhões ou que no ano anterior tenha em seu Patrimônio Líquido a quantia de R$ 240 milhões. Por sua vez as pequenas e médias empresas não ficaram de fora, pois o próprio CPC emitiu um pronunciamento específico (CPC PME) que obriga essas empresas também à adequação das normas internacionais de contabilidade.
Para que se possa por tudo isso em prática, a figura do contador passa a ter um papel fundamental nesta transição e aliado com muito trabalho e estudo serão peças chaves na vida de muitas entidades. Então podemos dizer que chegou a vez da tão esperada hora do profissional de contabilidade? Será que nós profissionais de contabilidade estamos preparados?
Hoje no Brasil contamos com muitos bons profissionais na área contábil, empresas especializadas, órgãos de classe organizados, e um campo de atuação vasto. Mas traçando um paralelo com a riqueza hoje no Brasil, que está concentrada na mãos de poucos, esses bons profissionais também podemos aqui dizer são a “burguesia” em meio aos *414.817 profissionais registrados . Pois poucos tem como visão a educação continuada, e não se importam em aprimorar seus conhecimentos contábeis e sim somente se preocupam em atender a legislação e o fisco, se tornando desta forma meros correspondentes do fisco.
Na sociedade empresária, a figura do contador ainda se assemelha muito com a figura do “guarda livros”, e não reconhecem a importância da informação contábil no contexto e na tomada de suas decisões frente à seus negócios, considerando os serviços contábeis meramente como despesas. Já a classe dos contadores em vez de lutar, se unir e reinvidicar seu papel no mundo empresarial, apenas se conformam em exercer suas atividades da forma mais simplória possível, onde bater guias e elaborar folhas de pagamentos são as atribuições principais em seus escritórios, e muitas vezes essas atividades exercidas por funcionários despreparados ou estagiários, por representar um menor custo, com isso podendo angariar o maior numero de clientes possível à um preço extremamente baixo.
Neste contexto, onde os empresários não tem interesse em informações exatas e com qualidade, onde os contadores não prezam pelo estudo e uma educação continuada, onde os escritórios contábeis tem cada vez mais clientes com honorários baixíssimos não valorizando sua profissão, e tornando a concorrência desleal, o que se ouvia à tempos atrás de que o contador é a profissão do futuro, e que hoje se fala a mesma coisa, a pergunta que fica no ar é Será?
Na contramão de tudo isso, ainda temos o fisco que cada vez aperta mais o contribuinte, exigindo inúmeras e absurdas obrigações acessórias, temos também a convergência com as normas internacionais, o que vai exigir muito dos contadores, mas os contadores estão preparados para isso, vamos mais além os empresários estão preparados para isso?
Quantos escritórios de contabilidade e seus profissionais elaboram ou elaborarão os livros e demonstrativos contábeis que trazem os CPC’s, inclusive e principalmente as pequenas empresas? Quais os contadores fazem ou vão fazer a DFC, o DVA ou DRAT? Os empresários pagam ou vão pagar por isso? Muitas dúvidas surgem nesta época onde os rumos contábeis estão em meio a transformações.
E como citado no inicio, o profissional de contabilidade é a bola da vez? Para alguns sim, e com certeza vão tirar muito proveito disso e para outros não, pois não conseguirão acompanhar todas essas mudanças, pois estão em seus escritórios batendo guias e fazendo folha de pagamentos e oferecendo preços cada vez mais baixos em vez de qualidade nos serviços.
O CFC, está tentando reverter algumas destas situações, como no caso da recente LEI 12.249/2010, a qual institui a obrigatoriedade do exame de suficiência aos novos bacharéis que forem solicitar o seu cadastro nos CRC’s, o qual poderia se estender em uma espécie de exames periódicos aos contadores já inscritos, de forma que todos deveriam comprovar a habilidade e que estão aptos a exercer suas atividades, retirando assim do mercado os profissionais que ficaram de alguma forma obsoletos. Assim teríamos mais qualidades nos profissionais e com certeza agregaria muito mais valor aos serviços prestados, e a sociedade passaria ver com bons olhos a figura do contador o “profissional do futuro”.
Autor: Marcos Antonio Martins
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