quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Esporte é novo filão para o profissional contábil

Quem pensa que o mundo dos esportes só abre mercado para atletas, treinadores e gestores de carreira está enganado. O mercado do futebol é também um grande filão para os profissionais da contabilidade. A frase do coordenador administrativo das Categorias de Base do Grêmio, Mauro Rocha, denota uma realidade pouco conhecida fora dos bastidores.

Foi pensando no gerenciamento das finanças de seus atletas que desde 2009 o Grêmio iniciou um projeto para levar informação e instruir os seus jogadores em relação ao cuidado financeiro das suas carreiras. Em um final de semana de formação, os jogadores em vias de assinar contrato profissional e seus familiares recebem orientações sobre a legislação, noções de orçamento, percentuais, riscos da carreira, previdência, entre outros assuntos. “Muitos vêm de camadas populares e não têm muita noção de gestão financeira”, explica.

A venda de um atleta também é um dos itens abordados, por ser uma questão que pode transformar radicalmente a vida de um jogador, e também por ser um dos principais tópicos de receita.

“Por mais que não seja uma renda constante, que dê suporte operacional mensal, é o fator responsável por equilibrar as contas no final do ano”, explica o contador do clube, Paulo Salerno.
As vendas acontecem em épocas predeterminadas, quando há a abertura das janelas de vendas dos jogadores para o exterior, sempre no início e no meio do ano. “Sem sombra de dúvida, qualquer clube depende da venda de atletas. Clube que não vende atletas certamente fecha no vermelho”, complementa o contador.

Segundo ele, a relação histórica da realização deste investimento que o clube faz nas categorias de base é extremamente rentável, superavitária. Nos últimos 12 anos, o Grêmio vendeu jogadores que suportam o investimento nos últimos 30, ou mais. Para cada jogador que dá certo, treina-se em torno de 200.

Mesmo assim, se comprovou numericamente que a relação custo/benefício das categorias de base é muito boa, mas ela tem que ser muito bem administrada. “É um investimento mensal em cerca de 200 meninos, para tirar um grande atleta em 2 a 3 anos”, afirma Rocha. Fora os atletas da equipe principal, hoje o Grêmio tem cerca de 190 meninos em formação, desde a categoria sub12 até a sub20. Todos os que têm mais de 16 anos já são profissionalizados.

A cada ano, cerca de 30 atletas se desligam, transformando-se em passivos. “Nesse universo, tem atletas nos quais se investiu meia dúzia de meses, e outros que foram investidos alguns anos. Esse custo tem que ser diluído no atleta que deu certo.”

Para Rocha, coordenador administrativo das Categorias de Base do Grêmio, há duas questões que devem ser pensadas quando se fala no custeio de atletas de futebol: o gerenciamento profissional e a direção executiva do futebol.

Para ele, o futebol ainda paga um preço histórico por ser administrado em cima de paixão e romantismo. “A Lei Pelé, que trouxe uma reformulação da legislação futebolística, é baseada na legislação da Europa, onde os clubes são empresas”, afirma. Ele defende que por mais romântico e afetivo que seja o Clube, a questão contábil, financeira e econômica tem que ser encarada de forma profissional.



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